sábado, 13 de abril de 2013

A pata do macaco


Lá fora, a noite estava fria e úmida, mas na pequena sala de visitas de Labumum Villa os postigos estavam abaixados e o fogo queimava na lareira. Pai e filho jogavam xadrez: o primeiro tinha idéias sobre o jogo que envolviam mudanças radicais, colocando o rei em perigo tão desnecessário que até provocava comentários da velha senhora de cabelos brancos, que tricotava serenamente perto do fogo.
 – Ouça o vento — disse o Sr. White, que, tendo visto tarde demais um erro fatal, queria evitar que o filho o visse.
 – Estou escutando — disse o último, estudando o tabuleiro ao esticar a mão.
 – Xeque.
 – Eu duvido que ele venha hoje à noite — disse o pai, com a mão parada em cima do tabuleiro.
 – Mate — replicou o filho.
 – Essa é a desvantagem de se viver tão afastado — vociferou o Sr. White, com um a violência súbita e inesperada. — De todos os lugares desertos e lamacentos para se viver, este é o pior. O caminho é um atoleiro, e a estrada uma torrente. Não sei o que as pessoas têm na cabeça. Acho que, como só sobraram duas casas na estrada, elas acham que não faz mal.
 – Não se preocupe, querido — disse a esposa em tom apaziguador. — Talvez você ganhe a próxima partida.
 O Sr. White levantou os olhos bruscamente a tempo de perceber uma troca de olhares entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios, e ele escondeu um sorriso de culpa atrás da barba fina e grisalha.
 – Aí vem ele — disse Herbert White, quando o portão bateu ruidosamente e passos pesados se aproximaram da porta.
 O velho levantou-se com uma pressa hospitaleira e, ao abrir a porta, foi ouvido cumprimentando o recém chegado. Este também o cumprimentou, e a Sra. White tossiu ligeiramente quando o marido entrou na sala, seguido por um homem alto e corpulento, com olhos pequenos e nariz vermelho.
 – Sargento Morris — disse ele, apresentando-o.
 O sargento apertou as mãos e, sentando-se no lugar que lhe ofereceram perto do fogo, observou satisfeito o anfitrião pegar uísque e copos, e colocar uma pequena chaleira de cobre no fogo.
 Depois do terceiro copo, seus olhos ficaram mais brilhantes, e ele começou a falar, o pequeno círculo familiar olhando com interessante este visitante de lugares distantes, quando ele empertigou os ombros largos na cadeira e falou de cenários selvagens e feitos intrépidos: de guerras, pragas e povos estranhos.
 – Vinte e um anos nessa vida — disse o Sr. White, olhando para a esposa e o filho. — Quando ele foi embora era um rapazinho no armazém. Agora olhem só para ele.
 – Ele não parece ter sofrido muitos reveses — disse a Sra. White amavelmente.
 – Eu gostaria de ir à Índia — disse o velho — só para conhecer, compreende?
 – Você está bem melhor aqui — disse o sargento, sacudindo a cabeça. Pôs o copo vazio na mesa e, suspirando baixinho, sacudiu a cabeça novamente.
 – Eu gostaria de ver aqueles velhos templos, os faquires e os nativos — disse o velho. — O que foi que você começou a me contar outro dia sobre uma pata de macaco ou algo assim Morris?
 – Nada — disse o soldado rapidamente. — Não é nada de importante.
 – Pata de macaco? — perguntou a Sra. White, curiosa.
 – Bem, é só um pouco do que se poderia chamar de magia, talvez — disse o sargento com falso ar distraído.
 Os três ouvintes debruçaram-se nas cadeiras interessados. O visitante levou o copo vazio à boca distraidamente e depois recolocou-o onde estava. O dono da casa tornou a enchê–lo.
 – Aparentemente — disse o sargento, mexendo no bolso — é só uma patinha comum dissecada.
 Tirou uma coisa do bolso e mostrou-a. A Sra. White recuou com uma careta, mas o filho, pegando-a, examinou-a com curiosidade.
 – E o que há de especial nela? — perguntou o Sr. White ao pegá–la da mão do filho e, depois de examiná–la, colocá–la sobre a mesa.
 – Foi encantada por um velho faquir — disse o sargento –, um homem muito santo. Ele queria provar que o destino regia a vida das pessoas, e que aqueles que interferissem nele seriam castigados. Fez um encantamento pelo qual três homens distintos poderiam fazer, cada um, três pedidos a ela.
 A maneira dele ao dizer isso foi tão solene que os ouvintes perceberam que suas risadas estavam um pouco fora de propósito.
 – Bem, por que não faz os seus três pedidos, senhor? — disse Herbert White astutamente.
 O soldado olhou para ele como olham as pessoas de meia–idade para um jovem presunçoso.
 – Eu fiz — disse ele calmamente, e seu rosto marcado empalideceu.
 – E teve mesmo os três desejos satisfeitos? — perguntou a Sra. White.
 – Tive — disse o sargento, e o copo bateu nos dentes fortes.
 – E alguém mais fez os pedidos? — insistiu a senhora.
 – O primeiro homem realizou os três desejos — foi a resposta. — Eu não sei quais foram os dois primeiros, mas o terceiro foi para morrer. Por isso é que consegui a pata.
 Seu tom de voz era tão grave que o grupo ficou em silêncio.
 – Se você conseguiu realizar os três desejos, ela não serve mais para você Morris — disse o velho finalmente. — Para que você guarda essa pata?
 O soldado meneou a cabeça.
 – Por capricho, suponho — disse lentamente. — Cheguei a pensar em vendê–la, mas acho que não o farei. Ela já causou muitas desgraças. Além disso, as pessoas não vão comprar. Acham que é um conto de fadas, algumas delas; e as que acreditam querem tentar primeiro para pagar depois.
 – Se você pudesse fazer mais três pedidos — disse o velho, olhando para ele atentamente –, você os faria?
 – Eu não sei — disse o outro. — Eu não sei.
 Pegou a pata e, balançando-a entre os dedos, de repente jogou-a no fogo.
 White, com um ligeiro grito, abaixou-se e tirou-a de lá.
 – É melhor deixar que ela se queime — disse o soldado solenemente.
 – Se você não quer mais, Morris — disse o outro –, me dá.
 – Não — disse o amigo obstinadamente. — Eu a joguei no fogo. Se você ficar com ela, não me culpe pelo que acontecer. Jogue isso no fogo outra vez, como um homem sensato.
 O outro sacudiu a cabeça e examinou sua nova aquisição atentamente.
 – Como você faz para pedir? — perguntou.
 – Segure a pata na mão direita e faça o pedido em voz alta — disse o sargento –, mas eu o advirto sobre as conseqüências.
 – Parece um conto das Mil e uma noites — disse a Sra. White, ao se levantar e começar a pôr o jantar na mesa. — Você não acha que deveria pedir quatro pares de mão para mim?
 – Se quer fazer um pedido — disse ele asperamente –, peça algo sensato. O Sr. White colocou a pata no bolso novamente e, arrumando as cadeiras acenou para que o amigo fosse para a mesa. Durante o jantar o talismã foi parcialmente esquecido, e depois os três ficaram escutando, fascinados, um segundo capítulo das aventuras do soldado na Índia.
 – Se a história sobre a pata de macaco não for mais verdadeira do que as que nos contou — disse Herbert, quando a porta se fechou atrás do convidado, que partiu a tempo de pegar o último trem–, nós não devemos dar muito crédito a ela.
 – Você deu alguma coisa a ele por ela, papai? — perguntou a Sra. White, olhando para o marido atentamente.
 – Pouca coisa — disse ele, corando ligeiramente. — Ele não queria aceitar, mas eu o fiz aceitar. E ele tornou a insistir que eu jogasse fora.
 – É claro — disse Herbert, fingindo estar horrorizado. — Ora, nós vamos ser ricos, famosos e felizes. Peça para ser um imperador, papai, para começar, então você não vai ser mais dominado pela mulher.
 Ele correu em volta da mesa, perseguido pela Sra. White armada com uma capa de poltrona.
 O Sr. White tirou a pata do bolso e olhou para ela dubiamente.
 – Eu não sei o que pedir, é um fato — disse lentamente. — Eu acho que tenho tudo o que quero.
 – Se você acabasse de pagar a casa ficaria bem feliz, não ficaria? — disse Herbert, com a mão no ombro dele. — Bem, peça 200 libras, então, isso dá.
 O pai, sorrindo envergonhado pela própria ingenuidade, segurou o talismã, quando o filho, com uma cara solene, um tanto franzida por uma piscadela de olhos para a mãe, sentou-se no piano e tocou alguns acordes para fazer fundo.
 – Eu desejo 200 libras — disse o velho distintamente.
 Um rangido do piano seguiu-se às palavras, interrompido por um grito estridente do velho. A mulher e o filho correram até ele.
 – Ela se mexeu — gritou ele, com um olhar de nojo para o objeto caído no chão. — Quando eu fiz o pedido, ela se contorceu na minha mão como uma cobra.
 – Bem, eu não vejo o dinheiro — disse o filho ao pegá–la e colocá–la em cima da mesa — e aposto que nunca vou ver.
 – Deve ter sido imaginação sua, papai — disse a esposa, olhando para ele ansiosamente.
 Ele sacudiu a cabeça.
 – Não faz mal, não aconteceu nada, mas a coisa me deu um susto assim mesmo.
 Eles se sentaram perto do fogo novamente enquanto os dois homens acabavam de fumar cachimbos. Lá fora, o vento zunia mais do que nunca, e o velho teve um sobressalto com o barulho de uma porta batendo no andar de cima. Um silêncio estranho e opressivo abateu-se sobre todos os três, e perdurou até o velho casal se levantar e ir dormir.
 – Eu espero que vocês encontrem o dinheiro dentro de um grande saco no meio da cama — disse Herbert, ao lhes desejar boa noite — e algo terrível agachado em cima do armário observando vocês guardarem seu dinheiro maldito.
 Ficou sentado sozinho na escuridão, olhando para o fogo baixo e vendo caras nele. A última cara foi tão feia e tão simiesca que ele olhou para ela assombrado. A cara ficou tão vivida que, com uma risada inquieta, ele procurou um copo na mesa que tivesse um pouco de água para jogar no fogo. Sua mão pegou na pata de macaco, e com um ligeiro estremecimento ele limpou a mão no casaco e foi dormir.
– Eu creio que todos os velhos soldados são iguais — disse a Sra. White. — Essa idéia de dar ouvidos a tal tolice! Como é que se pode realizar desejos hoje em dia? E se fosse possível, como é que iam aparecer 200 libras, papai?Na claridade do sol de inverno, na manhã seguinte, quando este banhou a mesa do café, ele riu de seus temores. Havia um ar de naturalidade na sala que não existia na noite anterior, e a pequena pata suja estava jogada na mesa de canto com um descuido que não atribuia grande crença a suas virtudes.
 – Morris disse que as coisas aconteciam com tanta naturalidade — disse o pai — que a gente podia até achar que era coincidência.– caindo do céu, talvez — disse Herbert, com ar brincalhão.
 – Bem, não gaste o dinheiro antes de eu voltar — disse Herbert, ao se levantar da mesa. — Estou com medo de que você se torne um homem mesquinho e avarento, e vamos ter de renegá–lo.
 A mãe riu e, acompanhando-o até a porta, viu-o descer a rua. Voltando à mesa do café, divertiu-se à custa da credulidade do marido. O que não a impediu de correr até a porta com a batida do carteiro, nem de se referir a sargentos da reserva com vício de beber, quando descobriu que o correio trouxera uma conta do alfaiate.
 – Herbert vai dizer uma das suas gracinhas quando chegar em casa — disse ela, quando se sentaram para jantar.
 – Com certeza — disse o Sr. White, servindo-se de cerveja –, mas, apesar de tudo, a coisa se mexeu na minha mão; eu posso jurar.
 – Foi impressão — disse a senhora apaziguadoramente.
 – Estou dizendo que se mexeu — replicou o outro. — Não há dúvida; eu tinha acabado… O que houve?
 A mulher não respondeu. Estava observando os movimentos misteriosos de um homem do lado de fora, que, espiando com indecisão para a casa, parecia estar tentando tomar a decisão de entrar. Lembrando-se das 200 libras, ela reparou que o estranho estava bem–vestido e usava um chapéu de seda novo.
 Por três vezes ele parou no portão, e depois caminhou novamente. Da quarta vez ficou com a mão parada sobre ele, e depois com uma súbita resolução abriu-o e entrou. A Sra. White no mesmo momento desamarrou o avental rapidamente, colocando-o debaixo da almofada da cadeira. Convidou o estranho, que parecia deslocado, a entrar. Ele olhou para ela furtivamente, e ouviu preocupado, a senhora desculpar-se pela aparência da sala, e pelo casaco do marido, uma roupa que ele geralmente reservava para o jardim. Então ela esperou, com paciência, que ele falasse do que se tratava, mas, a princípio, ele ficou estranhamente calado.
 – Eu… pediram–me para vir aqui — disse ele finalmente, e abaixando-se tirou um pedaço de algodão das calças. — Eu venho representando “Maw&Meggins”.
 A senhora sobressaltou-se.
 – Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela, ofegante — Acontecem alguma coisa a Herbert? O que é? O que é?
 O marido interveio.
 – Calma, calma, mamãe — disse ele rapidamente. — Sente-se e não tire conclusões precipitadas. O senhor certamente não trouxe más notícias, não é, senhor — e olhou para o outro ansiosamente.
 – Eu lamento… — começou o visitante.
 – Ele está ferido? — perguntou a mãe desesperada.
 O visitante assentiu com a cabeça.
 – Muito ferido — disse. — Mas não está sofrendo.
 – Ah, graças a Deus! — disse a senhora, apertando as mãos. — Graças a Deus! Graças…
 Parou de falar de repente quando o significado sinistro da afirmativa se abateu sobre ela, e ela viu a terrível confirmação de seus temores no rosto desviado do outro. Prendeu a respiração e, virando-se para o marido, menos perspicaz, pôs a mão trêmula sobre a dele. Seguiu-se um demorado silêncio.
 – Ele foi apanhado pela máquina — repetiu o Sr. White, estonteado. — Ah! sim.
 Ficou sentado olhando para a janela e, tomando a mão da esposa entra as suas, apertou-a como tinha vontade de fazer nos velhos tempos de namoro há quase 40 anos.
 – Ele era o único que nos restava — disse ele, voltando-se amavelmente para o visitante. — É difícil.
 O outro tossiu e, levantando-se, caminhou lentamente até a janela.
 – A firma me pediu para transmitir os nossos sinceros pêsames a vocês por sua grande perda — disse ele, sem olhar para trás. — Eu peço que compreendam que sou apenas um empregado da firma e estou apenas obedecendo ordens.
 Não houve resposta; o rosto da senhora estava branco, os olhos parados e a respiração inaudível; no rosto do marido havia um olhar que o amigo sargento talvez tivesse na primeira batalha.
 – Devo dizer que “Maw&Meggins” estão isentos de toda responsabilidade — continuou o outro. — Eles não têm nenhuma dívida com a família, mas, em consideração aos serviços de seu filho, desejam presenteá–los com uma certa soma como compensação.
 O Sr. White largou a mão da esposa e, pondo-se de pé, olhou para o visitante horrorizado. Seus lábios secos pronunciaram as palavras:
 – Quanto?
 – Duzentas libras — foi a resposta.
 Indiferente ao grito da esposa, o velho sorriu fracamente, estendeu as mãos como um homem cego e caiu, desfalecido, no chão.
 No enorme cemitério novo, a alguns quilômetros de distância, os velhos enterraram seu morto e voltaram para casa mergulhada em sombras e silêncio. Tudo terminara tão rápido que a princípio nem se davam conta do que acontecera, e ficaram num estado de expectativa como se fosse acontecer mais alguma coisa — algo mais que aliviasse esse fardo, pesado demais para corações velhos.
 Mas os dias se passaram, e a expectativa deu lugar à resignação — a resignação desesperançada dos velhos, às vezes chamada erradamente de apatia. Algumas vezes nem trocavam uma palavra, pois agora não tinham nada do que falar e os dias eram compridos e desanimados.
 Foi por volta de uma semana depois que o velho, acordando subitamente de noite, estendeu o braço e viu-se sozinho. O quarto estava no escuro e o ruído de soluços baixinhos vinha da janela. Ele se levantou na cama e ficou ouvindo.
 – Volte para a cama — disse ele ternamente. — Você vai ficar gelada.
 – Está mais frio para ele — disse a senhora, e chorou novamente.
 O som de seus soluços apagou-se nos ouvidos dele. A cama estava quente, e seus olhos pesados de sono. Ele cochilava a todo instante e acabou pegando no sono, quando um súbito grito histérico da esposa o despertou com um sobressalto.
 – A pata! — gritou histericamente. — A pata de macaco!
 Ele se levantou, alarmado.
 – Onde? Onde está? O que houve?
 Ela correu agitada até ele.
 – Eu quero a pata — disse ela calmamente. — Você não a destruiu?
 – Está na sala, em cima da prateleira — replicou ele atônito. — Por quê?
 Ela chorou e riu ao mesmo tempo e, debruçando-se, beijou-o no rosto.
 – Só tive essa idéia agora — disse ela histericamente. — Por que não pensei nisso antes? Por que você não pensou nisso antes?
 – Pensar em quê? — perguntou ele.
 – Nos outros dois desejos — replicou ela rapidamente. — Nós só fizemos um pedido.
 – Não foi suficiente? — perguntou ele, irado.
 – Não — gritou ela, triunfante; — ainda vamos fazer um.
 Desça, apanhe a pata rapidamente, e deseje que o nosso filho viva novamente.
 O homem sentou-se na cama e arrancou as cobertas de cima do corpo trêmulo.
 – Meu bom Deus, você está louca! Gritou ele, horrorizado.
 – Pegue aquela coisa — disse ela, ofegante –, pegue depressa, e faça o pedido… Ah, meu filho, meu filho!
 O Marido riscou um fósforo e acendeu a vela.
 – Volte para a cama — disse ele, incerto. — Você não sabe o que está dizendo.
 – Nós conseguimos satisfazer o primeiro pedido — disse a senhora, febrilmente. — Por que não o segundo?
 – Foi uma coincidência — gaguejou o velho.
 – Vá buscar a pata e faça o pedido — gritou a esposa, tremendo de excitação.
 O velho virou-se, olhou para ela, e sua voz tremeu.
 – Ele já está morto há 10 dias e, além disso, ele… — eu não queria lhe dizer isso, mas… só consegui reconhecê–lo pela roupa. Se já estava tão horrível para você ver, imagine agora?
 – Traga-o de volta — gritou a senhora, e o arrastou para a porta. — Você acha que tenho medo do filho que criei?
 Ele desceu na escuridão, foi tateando até a sala e depois até a lareira. O talismã estava no lugar, e um medo horrível de que o desejo ainda não expresso pudesse trazer o filho mutilado apossou-se dele, e ficou sem ar ao perceber que perdera a direção da porta. Com a testa fria de suor, ele deu volta na mesa, tateando, e foi-se amparando na parede até se achar no corredor com a coisa nociva na mão.
 Até o rosto da esposa parecia mudado quando ele entrou no quarto. Estava branco e ansioso, e para seu temor parecia ter um olhar estranho. Ele sentiu medo dela.
 – Peça! — gritou ela, com voz forte.
 – Isso é loucura — disse ele, com voz trêmula.
 – Peça! — repetiu a esposa.
 Ele levantou a mão.
 – Eu desejo que meu filho viva novamente.
 O talismã caiu no chão, e ele olhou para a coisa com medo.
 Então afundou numa cadeira, trêmulo, quando a esposa, com os olhos ardentes, foi até a janela e levantou a persiana.
 Ficou sentado até ficar arrepiado de frio, olhando ocasionalmente para a figura da velha senhora espiando pela janela.
 O cotoco de vela, que queimara até a beirada do castiçal de porcelana, jogava sombras sobre o teto e as paredes, até que, com um bruxulear maior do que os outros, se apagou. O velho, com uma imensa sensação de alívio pelo fracasso do talismã, voltou para a cama, e um ou dois minutos depois a senhora veio silenciosamente para o seu lado.
 Nenhum dos dois disse nada, mas permaneceram deitados em silêncio, ouvindo o tique–taque do relógio. Um degrau rangeu, e um rato correu guinchando através do muro. A escuridão era opressiva e, depois de ficar deitado por algum tempo, criando coragem, ele pegou a caixa de fósforos e, acendendo um, foi até embaixo para pegar uma vela.
 Nos pés da escada o fósforo se apagou, e ele parou para riscar outro; no mesmo momento ouviu-se uma batida na porta da frente, tão baixa e furtiva que quase não se fazia ouvir.
 Os fósforos caíram–lhe da mão e espalharam-se no corredor. Ele permaneceu imóvel, com a respiração presa até a batida se repetir. Então virou-se e fugiu rapidamente para o quarto, fechando a porta atrás de si.
 Uma terceira batida ressoou pela casa.
 – O que é isso? — gritou a senhora, levantando-se.
 – Um rato — disse o velho com voz trêmula –, um rato. Ele passou por mim na escada.
 A esposa sentou-se na cama, escutando. Uma batida alta ressoou pela casa.
 – É Herbert! — gritou. — É Herbert!
 Ela correu até a porta, mas o marido ficou na frente dela e, pegando-a pelo braço, segurou-a com força.
 – O que você vai fazer? — sussurrou ele com voz rouca.
 – É meu filho; é Herbert! — gritou ela, debatendo-se mecanicamente. — Eu esqueci que ele estava a 10 quilômetros daqui. Por que está me segurando? Me solte. Eu tenho de abrir a porta.
 – Pelo amor de Deus não deixe entrar — gritou o velho tremendo.
 – Você está com medo do próprio filho — gritou ela, debatendo-se. — Me solte. Eu já vou, Herbert; eu já vou.
 Ouviu-se mais uma batida, e mais outra. A senhora com um arrancão súbito soltou-se e saiu correndo do quarto. O marido seguiu-a até a escada e chamou-a enquanto ela corria para baixo. Ele ouviu a corrente chocalhar e a tranca do chão ser puxada lenta e firmemente do lugar. Então a voz da senhora soou, nervosa e ofegante.
 – A tranca — gritou ela alto. — Desça que eu não consigo puxar a tranca.
 Mas o marido estava de joelhos no chão, procurando a pata desesperadamente. Se pelo menos conseguisse encontrá–la antes que a coisa entrasse. Uma série de batidas reverberou pela casa, e ele ouviu o arrastar de uma cadeira quando a esposa a colocou no corredor encostada na porta. Ouviu o ranger da tranca quando esta se destravou lentamente, e no mesmo momento encontrou a pata de macaco, e desesperadamente fez o terceiro e último pedido.
 As batidas pararam subitamente, embora ainda ecoassem na casa. Ele ouviu a cadeira ser arrastada de volta, e a porta se abrir. Um vento frio subiu pela escada, e um gemido alto e demorado de decepção e tristeza da esposa lhe deu coragem para correr até ela e depois até o portão. O lampião da rua que tremulava do outro lado brilhava numa estrada silenciosa e deserta.




quinta-feira, 11 de abril de 2013

Cry Baby Lane

Em meio a várias creepypastas e histórias de mentira, mas muito criativas, às vezes nos deparamos com casos reais, como o caso de CryBabyLane. 


Cry Baby Lane (título do teaser original: Alguém quer conhecê-lo), é um filme de baixo orçamento feito somente para TV que estreou no Nickelodeon na noite de 28 de outubro do ano de 2000. O filme nunca foi exibido fora dos Estados Unidos nem dublabo para outras línguas, e também nunca foi reexibido ou lançado em VHS ou qualquer outra mídia até o ano de 2011 quando uma cópia foi descoberta no Reddit e a reação que se seguiu levou a TeenNick  colocar o filme ao ar no Halloween.  O filme só foi ao ar uma vez, e desde então tem sido desmentido pela rede. Acabou ficando na obscuridade e quase desaparecendo por completo desde seu lançamento original. A própria Nickelodeon negou o filme que exibiu e ninguém sabe o porquê.
Com o tempo e as constantes negações do canal de Tv, os internautas acreditaram que o tal filme realmente não existiu. Assim como ocorrido em Candle Cove, havia grupos de pessoas que defendiam a existência do filme e outros que debochavam e satirizavam dizendo que tudo não passava de uma grande invenção.
Por fim, para azar do canal, algum telespectador gravou o filme em VHS e converteu para o computador: resultado, jogaram na rede e o filme existe! O problema que levou o canal a encobrir  foi descoberto: o filme foi considerado muito perturbador para as crianças de 10 anos de idade, faixa no qual a emissora classificou o filme. Houve tantas reclamações dos pais, que a Nick decidiu que o melhor era varrer tudo para baixo do tapete.
Dirigido por Peter Lauer, Cry Baby Lane segue a história de Andrew e seu irmão mais novo Carl, que adoram ouvir histórias de fantasmas contadas por um agente funerário local. Certa noite, o agente narra o conto sobre um fazendeiro, cuja esposa havia dado luz à gêmeas siamesas. Com o passar do tempo uma das gêmeas revelou uma natureza bondosa, mas a outra era claramente maligna. Certo dia, por medo dos atos que as gêmeas praticavam, ele as trancafia em seu próprio quarto, e eventualmente as duas morrem vítimas de uma doença. O fazendeiro então serra as gêmeas ao meio, enterrando a gêmea bondosa em um cemitério e a maligna em uma cova rasa próxima à casa. Ao ouvirem essa história os dois irmãos decidem fazer um ritual espiritual para chamar a gêmea bondosa, mas acabam acidentalmente invocando a gêmea maligna, que acaba por possuir praticamente todas as pessoas da cidade.
Logo de início os pais acharam, por motivos óbvios, que os temas abordados nesse filme eram um tanto quanto “pesados” para crianças. Pouco tempo depois foram descobertas imagens perturbadoras que estariam “teoricamente” inseridas no filme (e eles pegaram pesado mesmo, até o sons inaudíveis, técnica usada em “O Exorcista” para aumentar o medo foram usados).  Tirando isso, ninguém nunca encontrou mais nada relacionado ao filme por um longo tempo, e com isso, ele fora considerado oficialmente inexistente. Virou uma lenda urbana.
Uma década após o nascimento desta lenda urbana, a garota conhecida em fóruns da internet pelo nick de “firesaladpeach” postou no YouTube o tenebroso filme. Sim, ela teve a audácia de gravá-lo em uma fita de VHS e agora conseguiu divulgar este mito pelos quatro cantos da web. Infelizmente, o filme já fora removido do Youtube por infringir direitos autorais da Viacom, mas no meio tempo já fora disponibilizado para download por diversos sites de hospedagem. Você pode baixa-lo no link abaixo:



Vale lembrar que algumas pessoas afirmam que o filme que circula na internet é a versão “amenizada”. O filme original que foi exibido na TV permanece desaparecido. O filme passou por vários filtros e teve diversas cenas cortadas e censuras. Se você assistir irá perceber que não é um filme tão assustador assim…. mas para uma criança de 10 anos, é bem pesado.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Tabuleiro Ouija (Magical Talking Board)




O Tabuleiro Ouija ou Tábua Ouija, criada para ser usada como método da necromancia, ficou conhecido depois de 1848, ano em que duas irmão norte-americanas, Kate e Margaret Fox, supostamente contactaram um vendedor que havia morrido anos antes e espalharam uma febre espiritualista pelos Estados Unidos e Europa. Há também indícios de que o princípio teria sido aperfeiçoado por um espiritualista por volta de 1853, chamado M. Planchette, que teria inventado o indicador de madeira que é utilizado até hoje.

O tabuleiro não necessita propriamente de um formato retangular, muitos tabuleiros de Ouija são em formatos circular. Em vez do ponteiro, pode-se utilizar uma moeda ou um copo de vidro, sendo este último não aconselhável devido ao fato de o espírito poder se vingar utilizando-se  do copo, por este ser precisamente de vidro.

No Brasil, há uma variante conhecida como "a brincadeira do copo" ou "o jogo do copo", em que utiliza-se de um copo como indicador para as respostas. Existem também apoios para a utilização de lápis ou compassos durante as seções.

Os participantes colocam os dedos sobre o indicador que então se move pelo tabuleiro para responder as perguntas e enviar as mensagens. 

Alguns espiritualistas que acreditam que é possível fazer contato real com o mundo dos mortos e que vendar os olhos dos participantes da mesa prejudica suas supostas capacidades mediúnicas. A ideia que fundamenta o argumento é que o espírito utilizaria os sentidos dos participantes durante as seções. A maioria dos adeptos dessa teoria acredita que o tabuleiro não tem poder em si mesmo, servindo apenas como ferramenta para se comunicar com o mundo dos espíritos.

Baseado-se em relatos, deixo algumas regras importantes e observações sobre o jogo:

- não jogar sozinho, jogue com um grupo ou 2 pessoas no mínimo;
- antes de começar a seção, peça a permissão do espírito, o mesmo deve ser feito quando terminar a seção, caso contrário, estará sujeito a possessão;
- se você colocar junto do tabuleiro uma moeda de prata pura, espíritos malignos serão incapazes de manter contato;
- se deseja ter contato com um espírito maligno, vire o tabuleiro de cabeça para baixo e utilize-o assim;
- se o ponteiro se mover para os quatro cantos do tabuleiro significa que o espírito contatado é mau;
- nunca permita que os espíritos levem o ponteiro para as extremidades do tabuleiro de forma que possa sair dele dessa forma. É assim que ocorre a possessão;
- se o ponteiro apontar o numero oito repetidamente, um espírito mau está no controle do tabuleiro;
- só convide para proceder seções pessoas confiáveis, seguras e que o farão seriamente. 
- mantenha contato de forma respeitosa e nunca irrite o espírito ou lhe faça perguntas com ironia;
- terminado a seção, o tabuleiro deve ser fechado corretamente, ou o espírito pode se rebelar e assombrar os usuários;
- nunca use o tabuleiro de Ouija quando estiver doente ou enfraquecido, tendo em vista que estas situações o mantém vulnerável à possessão;
- os espíritos contatados através do tabuleiro tentarão ganhar sua confiança através de mentiras. Por exemplo: um mau espírito pode alegar ser bom, assim ganhando sua confiança e lhe trazendo mal posteriormente. 
- não fazer do uso do tabuleiro de Ouija uma rotina. Os espíritos às vezes cativam o jogador a ponto de que o contato se torne um vicio.
- nunca use o Ouija em cemitérios ou locais aonde houveram mortes brutais. Isto pode trazer maus espíritos para o tabuleiro;
- às vezes um mau espírito pode habitar permanentemente um tabuleiro. Quando isso ocorrer, não se poderá manter contato com outros espíritos além dele até que ele decida sair;
- se seu ponteiro for de vidro, você deve limpá-lo antes e depois de cada seção, de forma que nenhum espírito possa entrar ali. Para isso, passe-o sobre uma vela acesa;
- tabuleiros de Ouija que foram jogados fora incorretamente libertam diversos espíritos que voltarão para assombrar seu dono;
- nunca empreste seu tabuleiro a ninguém. Use-o com exclusividade. Se necessário, faça o seu próprio e recomende aos colegas  que pedem que você o empreste que façam o mesmo;
- nunca ateie fogo em um tabuleiro de Ouija. Se o fizer, haverá uma manifestação da tábua. Pode ser um som desconhecido ou a aparição de um espírito. Depois que você presenciar a manifestação, terá menos de trinta e seis horas de vida;
- há apenas uma forma correta de se desfazer de uma tábua Ouija. Primeiro quebre-a em sete pedaços. Depois, jogue sobre ela água benta e finalmente a queime.
- nunca deixe o ponteiro sozinho sobre a tábua se não estiver utilizando-a. Se o espírito levá-lo para fora do tabuleiro, estará liberto.
- às vezes maus espíritos pedirão às garotas para fazerem gestos ou executarem ações obsenas. Ignore-os. Os demais participantes jamais devem rir ou irritar-se nestas situações;
- sobre as perguntas, evite perguntar sobre Deus, sua religião, sobre a morte dos participantes na seção em que se encontra;

Prece Introdutória de seção: "Em nome de Deus, Jesus Cristo, da Grande Irmandade da Luz, dos Arcanjos Michael, Raphael, Gabriel, Uriel e Ariel, por favor protejam-nos das forças do mal durante esta seção. Façam com que não aja nada além de luz envolvendo este tabuleiro e seus participantes, e permita que nos comuniquemos somente com forças e entidades da luz. Protejam-nos, Protejam esta casa, as pessoas presentes nela, e façam com que aja somente Luz e nada além de Luz, AMÉM!"

Prece Finalizadora de seção: "Obrigado pela sabedoria e compreensão que vocês nos concederam. Obrigado, oh Senhor por responder à nossas perguntas através de seres e anjos da Luz. Proteja esta casa e as pessoas presentes aqui durante nossa estadia em sua realidade. Em nome da Luz nós lhe agradecemos, AMÉM!"

OBS. IMPORTANTE: Siga todas as instruções e regras que foram indicadas aqui, pois os resultados podem não ser agradáveis. É importante lembrar que o uso da mesa Ouija, desde que com o devido respeito, não é perigoso, apenas seja atento com todas as regras. Após fazer o uso da mesa Ouija sempre lembre-se de fazer a prece finalizadora, vale lembrar também que nunca devem ser feitas perguntas sobre o futuro, religião ou morte dos participantes. 

Que o jogo comece.... 


terça-feira, 9 de abril de 2013

A Expressão


Em 1972 um fato intrigante e até hoje sem explicação assustou médicos e enfermeiros do hospital CedarSenai.
Conta a história que uma mulher estranha apareceu no hospital, usando roupas brancas manchadas de sangue, mas o que mais chamava a atenção nela é que não parecia humana. A mulher tinha o rosto perfeito, como se fosse uma boneca, mas não tinha sombrancelhas e sua pele era branca, como se estivesse usando muita maquiagem.
Mas a surpresa do rosto de boneca dava lugar ao terror, ao ver suas enormes presas, que escondiam os demais dentes. Ela ainda sangrava muito, de repente jogou o sangue pra fora de sua boca e “entrou em colapso”.
A mulher foi imediatamente levada a um quarto limpo, antes de ser sedada, onde ficou totalmente calma e inexpressiva, sem qualquer reação, quando os médicos resolveram chamar as autoridades.
Ela não falava nada e ninguém conseguia olhar muito tempo para ela, havia algo que causava desconforto em sua aparência.
Já no segundo dia não foi tão fácil, a mulher já apresentava uma força extrema e lutava com os enfermeiros, era necessário duas pessoas para segurá-la. Neste momento seu corpo inexplicavelmente se levantou da cama, seu rosto não tinha expressão alguma. De repente ela sorriu ao olhar para um médico, expressão que ela não havia mostrado até então.
Naquele momento o médico apavorado, gritou ao ver os dentes da mulher, “longos e com pontas afiadas”. Antes que o médico perguntasse “o que diabos é você?", a mulher “rachou seu pescoço até os ombros para observá-lo, ainda sorrindo”.
Em meio há um silêncio apavorante, a segurança foi chamada, porém a medida que se aproximava do quarto, a mulher avançou “afundando seus dentes na garganta do médico, rasgando sua jugular, causando sua morte por asfixia enquanto ele se engasgava com seu próprio sangue”
A mulher então abaixou-se sobre o corpo do médico, já quando ele estava sem vida e, aproximando-se falou baixo em seu ouvido: “I…am…God…”(Eu…sou…Deus).
A equipe aterrorizada já esperava a morte.
Não se sabe o que aconteceu com a mulher, nunca mais ninguém a viu ou ouviu falar dela.
Uma médica que conseguiu sobreviver a chamou de “A expressão".


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Não Durma



Samira, moradora de Israel, tinha pesadelos constantemente, porém achava que era por causa das guerras existentes em seu país. Quando ela completou catorze anos foi morar em Londres, mas os pesadelos a acompanharam e ficaram piores. Sempre que Samira fechava os olhos via uma criatura estranha, com uma forma humana, mas sem cabelos e sem olhos, e sua boca era costurada.
Mesmo tendo um estranho sorriso, essa criatura a ajudava nos sonhos, lhe transmitia segurança. Em seus sonhos ela andava em uma terra escura, com gritos, coisas apavorantes e um terrívelranger de dentes. Demônios eram vistos agredindo pessoas, cidades destruídas, pessoas machucadas gritando e pedindo por suas vidas. E, como se não bastasse, havia um palhaço, que parecia ser o único que estava se divertindo em meio ao caos.
O palhaço também tinha uma aparência estranha, com pernas de bode.
- “Eles vêm pra cá por que merecem estar aqui, mas você não merece estar aqui. Não quer vir pra cá, então não durma!”, dizia o palhaço a Samira.
Samira se tratou com os melhores psicólogos, porém nenhum conseguiu ajudar, o que acabou transformando a menina em uma pessoa triste e isolada, cuja única companhia eram seus remédios.
Outra noite, logo que fechou os olhos novamente, Samira encontrou seu “guia”, então perguntou por que ele sempre estava sorrindo, se ele não estava feliz, ele nada respondeu, já que para ele era impossível falar. Enquanto andavam, o guia sumiu, deixando Samira desesperada. Gritou por várias vezes, mas não teve resposta.
Samira então começou a chorar, pois tinha muito medo daquele lugar, queria muito acordar, mas não conseguia.
Ela começou a ouvir passos na rua, cascos, e logo percebeu o palhaço rindo ao seu lado.
- “Boa notícia. Você merece vir pra cá. Vou te levar para um passeio comigo pela terra”, disse ele, mas a menina correu.
Quanto mais ela corria, mais o palhaço a perseguia, falava seu nome e ria, até que ela caiu, pois não aguentava mais.
O palhaço então se aproximou e cortou os pulsos de Samira com suas enormes unhas, dizendo:“Pra você vir mais rápido, amorzinho. Você tem uma missão, merece vir pra cá".
Quando a menina viu seu sangue escorrer pelos braços, apavorada acordou. Ao perceber que estava em sua cama respirou calmamente, porém ao perceber seu lençol cheio de sangue, chamou seus pais que a levaram ao hospital.
Para os médicos, os cortes nos pulsos de Samira eram “tentativa de suicídio", o que envolveu a assistência social e a polícia, já que ninguém acreditava no que Samira dizia.